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Em 2004, duas enfermeiras e pesquisadoras dos cuidados de saúde nos serviços de creches e pré-escolas que compõe a educação infantil escreveram o capítulo Higiene e Precauções Padrões em Creche – contribuindo para um ambiente saudável, publicado no livro Creche e Pré-Escola: uma abordagem de saúde, organizado por outra enfermeira (Maranhão e Vico, 2004; Santos, 2004).

Com a evolução científica e as necessidades advindas da eclosão de uma pandemia, causada por um novo vírus – o  ARSCov2, que pode causar uma Síndrome Respiratória Grave, a -Covid19, as autoras voltaram a revisar os artigos científicos publicados nos últimos anos e concluíram que o tal capitulo está atualizado, no que diz respeito aos cuidados com as crianças e ambientes, mesmo considerando-se os mecanismos de transmissão e resistência desse novo vírus.

[ Modificado: segunda, 15 fev 2021, 23:55 ]

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      Imagem de Instituto Avisa Lá
      por Instituto Avisa Lá - segunda, 1 fev 2021, 11:00
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      A pandemia de coronavírus continua e temos que nos proteger ficando em casa, lavando as mãos e usando máscara e mantendo distância de outras pessoas quando tivermos que sair.

      Algumas crianças e adultos não têm nenhuma dificuldade para usar máscara e interagir com pessoas com máscaras.

      Mas tem gente que sente medo ou ansiedade – especialmente quando não consegue ver os rostos de pessoas conhecidas.

      Há também os que não toleram o uso de máscara por aversão sensorial, ou seja, a sensação de usar a máscara incomoda.

      Máscaras de tecido precisam ter pelo menos 2 camadas e a trama fechada.

      A máscara deve ficar confortável no rosto, mas também, bem ajustada, de forma que não fiquem espaços nas laterais ou abaixo do queixo, onde podem entrar e sair o ar contaminado.

      Leia a matéria completa em Máscaras, como usar - Movimento Down

      [ Modificado: segunda, 1 fev 2021, 11:09 ]

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        Reflexões de uma mãe e especialista em saúde coletiva no contexto de educação sobre o retorno às escolas em 2021

        As creches[1] municipais da cidade de São Paulo, a partir de 2002 passaram a ser nomeadas Centros de Educação Infantil (CEI) e restritas ao atendimento de crianças menores de três anos e onze meses enquanto as pré-escolas continuaram como Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEI) para as maiores de quatro anos.

        Damaris Gomes Maranhão*, autora do texto

        Na rede particular, os serviços que compartilham cuidados e educação infantil com os familiares de crianças menores de seis anos podem receber outras nomeações como Berçários, Maternais ou Escolas de Educação Infantil que podem se restringir a determinada faixa etária ou integrá-las. Em empresas que mantém atendimento aos filhos de trabalhadores, sobretudo aos menores de três anos, continuam a ser denominadas como Creches ou Berçários.

        Da mesma forma que pode haver compreensão diferente sobre a qual faixa etária se refere a Educação Infantil, os termos Infância e Criança podem ser compreendidos pela mídia, por profissionais e população em geral como o período que vai do nascimento até 12 anos incompletos, como está definido no Estatuto da Criança e Adolescência. Assim, ao estabelecer ou divulgar os protocolos para o retorno das escolas, e o próprio termo genérico “escola” pode explicar porque não se contemplou plenamente os cuidados específicos para os menores de dois anos, por exemplo, desconsiderando a impossibilidade de alternarem aulas à distância com presenciais, ou manter distanciamento físico desde o acolhimento na unidade que muitas vezes requer que a criança passe ainda dormindo do colo do familiar para o colo do professor.

        Outro termo vago é “bebê”, que pode ser compreendido como lactente ou ser empregado para todas idades que a creche compreende. Isso dificulta a compreensão até pelos professores, que sabem pela experiência que não conseguirão e nem desejam que elas não interajam pois os eixos da Base  Nacional Comum Curricular da Educação Infantil é composto por Interações e Brincadeiras. Elas também, pelas características do crescimento e desenvolvimento, não podem usar máscaras como as crianças maiores, mas os professores se preocupam como os reconhecerão, ou como farão a leitura das expressões faciais, uma habilidade em construção na primeiríssima infância.

        Os protocolos que desconsideram as especificidades de cada faixa etária, assim como as controversas orientações[2], tornam os professores e familiares inseguros sobretudo em escolas públicas que mantém uma razão adulto/criança muito alta, mesmo em tempos considerados “normais”.

        Enquanto o recomendado seriam cinco crianças menores de dois anos por professor, na rede pública de São Paulo se prevê sete lactentes até nove meses de idade e nove crianças entre dez e dezoito meses para cada professor. A partir de dezenove meses, até três anos e onze meses, aumenta-se a proporção de 12/1 até 15/1 ou mais. Embora a maioria dos documentos prévios à pandemia, mesmo os nacionais que estavam sendo aprimorados ainda, como a Portaria 321 de 1988, por grupo do qual participei na Anvisa, recomendem no máximo 15 crianças por sala, na prática nem sempre se segue ou sequer conhece essas normas (Barros et al, 1999[3]).

        Imaginem crianças em processo de desenvolvimento das habilidades motoras para rolar, sentar, rastejar, engatinhar e andar com apoios nos móveis, aprendendo a comer com as próprias mãos, ainda dependentes de cuidados como troca de fraldas, acalanto para dormir, transporte de um ambiente para outro com apoio dos professores, que ainda exploram os objetos com a boca para melhor identificá-los, alguns que tinham iniciado o processo de adaptação no ambiente escolar quando o atendimento presencial foi interrompido, retornando agora em outra etapa que não foi acompanhada pelo professor que a acolheu inicialmente.

        O mesmo se aplica em relação a espaço/criança, pois há divergências da legislação sanitária e educacional. A portaria 321 de 1988 (que está sendo revista ainda) recomendava 2,5 metros quadrados por menores de dois anos e a legislação educacional (que emprega o cálculo previsto para os maiores), 1,5 metro por criança. Além disso, mesmo construções com arquiteturas modernas como os Centros Unificados de Educação (CEUS) tem salas para menores de dois anos localizadas no andar superior, dificultando o acesso direto, sem transporte no colo para as áreas externas como  o parque para brincar e expor-se de forma saudável e necessária ao sol alternando atividades internas e externas.

        Nem todas as salas de aula, corredores de entrada, ou sanitários prevêem pias e torneiras acessíveis às crianças de todas as idades nem para os adultos, dificultando, inclusive, mesmo antes da pandemia atual, a construção desse hábito sanitário para a vida toda. Pesquisas já evidenciaram que o hábito de lavar as mãos ao chegar na escola diminui o número de infecções entre as crianças.

        Em minhas viagens ao exterior, visitei centros infantis e escolas de educação infantil para conhecer diferentes formas de organização dos serviços. Em 2019, fotografei os dispositivos existentes dentro das salas e corredores que proporcionam às crianças desde o final do primeiro ano de vida, o hábito de lavar as mãos, como nas duas salas que observei durante uma manhã na School Bank Street em New York. Também havia fotografado, em 2017,  o trocador de uma creche mantida pela Universidade de George Brown, em Toronto, e semelhante a outras que visitei em San Miniatto e Paris, percebe-se que as condições arquitetônicas facilitam as boas práticas de cuidado.

         

        Fotos de Damaris Maranhão, Bank Street School, New York 2019 e Child Day Care Center University George Brown, Toronto, 2017

        Em São Paulo, em 1987, a arquitetura de Ruy Otake para o Programa Creches e Pré-Escolas da extinta Secretaria do Menor[4] que ajudei a implantar, possibilita até hoje que todas as salas das diferentes faixas etárias sejam amplas e abram para a área externa, além de prever locais para guardar separados os colchonetes para repouso e incluir pias acessíveis às crianças e aos adultos, além de lavanderia equipada com equipamentos profissionais. Assim, a adoção das atuais recomendações para o retorno dependerá antes de tudo de ajustes na arquitetura, reformas que a esta altura já deviam ter sido executadas, assim como de implementação de rotinas e procedimentos de limpeza e desinfecção das superfícies e brinquedos que já deveriam estar estabelecidas em todas as unidades, tanto na rede pública como privada.

        Desde março de 2020, participei de vários debates online com professores e gestores e Secretaria de Educação do Município de Caieiras (SP); com professores, coordenadores pedagógicos e gestores de educação infantil de São Bernardo do Campo(SP); com professores, gestores e médico epidemiologista e professor de medicina da UFSCAR; com a professora de medicina em pediatria e saúde pública da UFJF; com doutores em educação da UFABA e UNISINOS, além dos profissionais das creches da UNIFESP e da USP e, nos últimos seis meses, com grupos de gestores e coordenadores pedagógicos da rede pública de São Paulo participantes do projeto Caminhos do Cuidar[5], cujos registros dos encontros estão disponíveis na internet no

        Enfatizamos em todos os encontros que parte das medidas que devem ser adotadas agora já  deveriam ter sido implementadas antes da pandemia, pois revelam a qualidade dos cuidados para evitar acidentes e doenças prevalentes nas crianças, sobretudo em menores de três anos. A qualidade dos cuidados depende também da formação continua dos professores (Maranhão, 2020[6]).

        Algumas recomendações, como as que reiteram a necessidade de arejar bem os ambientes e alternar atividades internas e externas exigem reformas nos prédios que não tem boa ventilação, pois são comprovadamente, uma das medidas mais eficazes na prevenção da disseminação de doenças respiratórias (Barros et al, 1999)[7]. Entretanto muitas escolas/creches não tinham janelas suficientes e já dependiam de ventiladores ou ar condicionado para manter o conforto térmico. Entretanto, tanto os ventiladores como o ar condicionado estão contra-indicados pois podem disseminar os aerossóis, sem troca de ar, e causar o que se conhece como Síndrome do Edifício Doente.

        A questão da confusão dos termos da língua portuguesa mais uma vez fez pessoas entenderem que era para ventilar, ou na contramão das orientações dos especialistas em saúde, instalaram ventiladores mecânicos no lugar de interditá-los.

        Ao mesmo tempo, algumas escolas privadas ou da rede pública continuam perdendo tempo e dinheiro com aquisição de tapetes sanitizantes e outras balelas que enganam a população sem nenhum fundamento cientifico. As contradições existentes em publicações diversas a respeito da diluição e emprego de desinfetantes em ambientes de creches/escolas de educação infantil, ou sobre os equipamentos de proteção individual para os professores, evidencia que há necessidade de aprofundar e divulgar melhor as pesquisas sobre os cuidados sanitários em ambientes como creches/escolas ( Maranhão e Vico, 2004, 2020[8]).

        As orientações sobre aulas à distância ou contidas nos protocolos iniciais publicados pelo Ministério da Saúde, Secretaria de Estado e Secretaria Municipal da Educação de São Paulo e outros, desconsideraram algumas especificidades da Educação Infantil. Ao analisá-los observa-se que não consideraram cuidados/educação de lactentes em aleitamento materno, os que iniciam a alimentação complementar, aprendem a rolar, sentar, rastejar mas ainda necessitam de ser acalentados e transportados no colo, ou dos que já andam mas ainda dependem de cuidados diretos dos adultos que trocam as fraldas, ensinam a usar o sanitário, a manter a higiene e conforto.

        Os menores de dois anos não devem usar máscaras conforme a Sociedade Brasileira de Pediatria, mas mesmo os maiores estão aprendendo a usá-las como aprendem a calçar o sapato, vestir e tirar o casaco, a comer à mesa usando os talheres. Ou seja, o processo de desenvolvimento até os seis anos não permite que eles as usem como as crianças maiores de doze anos, ou seja, que já têm habilidades e consciência parecida com os adultos para usá-las com segurança. Esse fato requer que os professores tenham que monitorar e ajudar cada criança maior de três anos a colocá-las ou retirá-las sem que aumente a contaminação caso as manuseiem de forma inadequada.

        Se mesmo entre adultos essa é uma experiência em construção, muito mais em uma faixa etária que a própria consciência corporal está sendo construída. Como os familiares poderiam ajudar os professores nesse sentido? Sendo bons modelos em primeiro lugar.

        Em maio de 2020 foi publicado o texto O Retorno,  no qual escrevemos as primeiras ideias sobre cuidados necessários e como priorizar crianças/famílias que mais dependem do reabertura das escolas de educação infantil, sobretudo aquelas que atendem menores de três anos cujas mães/pais/avós precisam trabalhar em outro local, ou que moram em habitações restritas que dificultem seu desenvolvimento pleno ou oferecem maior risco à sua vida. Algumas dessas famílias apelaram para o atendimento em ambientes improvisados, sem estrutura pedagógica e cuidado profissional, conforme fomos informados. Outras mais abastadas contrataram professores para realizar atividades em suas residências para pequenos grupos de crianças.

        Passados sete meses e com uma “segunda onda” das infecções pelo SarsCov2, o novo vírus que transformou as relações sociais e comerciais, já com o ano letivo encerrado, volta-se a discutir sobre os riscos e benefícios das crianças e adolescentes permanecerem restritos às relações familiares e com “aulas” online, que não se aplicam aos menores de três anos. De uma maneira diria ingênua, alguns aguardam a vacina, mas aquelas que estão em testes finais não são ainda previstas para crianças pois elas são consideradas de menor risco, além de exigirem estudos específicos pois é preciso reafirmar que criança não é um mini-adulto apenas no pensamento mas também seu organismo tem especificidades biológicas em cada fase.

        Mesmo considerando que elas poderiam ainda ser contaminadas pelos jovens e adultos que têm sido os veículos do vírus para o ambiente residencial ou escolar, como fomos informados por algumas escolas privadas que reabriram de forma restrita, os professores não tem sido considerados grupos prioritários para imunização, o que do meu ponto de vista implica em adiar mais a abertura plena e eficiente das escolas. Os professores por sua vez, em movimentos sindicais, lutam por seus direitos e demonstram sua insegurança em ter que retornar as aulas presenciais, o que pode implicar em uma interação com impacto emocional negativo nas crianças que estão construindo a consciência de si mesmo e a sociabilidade na relação com o outro. Aqueles que atuam em rede particular que tiveram redução de matriculas, temem ser demitidos.

        Em outra escola que havia se organizado os grupos de crianças em “bolhas” ou “cortes”, uma excelente estratégia para reduzir os riscos e facilitar rastreamento na emergência de alguma suspeita, uma família convidou colegas de seu filho para uma festinha agrupando crianças que frequentavam grupos diferentes, com impacto na escola. Como construir nesse momento a consciência sanitária em um momento em que todos dependem de cuidados de todos? O mesmo se aplicaria em casos de famílias com jovens que devem ser sensibilizados e envolvidos na causa do cuidado de si, do outro e do ambiente, não apenas como um jargão, mas como uma prática social ética, corajosa, honrosa. Ou seja, uma parte das ações de prevenção depende das autoridades sanitárias, outra das autoridades educacionais e outra dos familiares.

        Um grupo de pediatras usa as redes sociais para defender o retorno considerando o risco para o crescimento e desenvolvimento pela restrição da sociabilidade. Todos os cuidados para prevenção de disseminação de qualquer doença, com exceção da máscara, já deveriam estar consolidados nos espaços educacionais coletivos. Infelizmente, nem sempre as instituições educacionais deram a devida atenção à esses cuidados, às vezes rechaçando algumas recomendações dos profissionais de saúde como “higienista”. Há uma dificuldade de diálogo intersetorial entre os profissionais da saúde e da educação, embora todos os documentos oficiais e a OMS reiterem que a promoção da saúde se dá por meio do  empoderamento das pessoas, organização dos serviços, equidade e intersetorialidade.

        A relação e parceria entre gestores, professores e familiares requer ainda aprimoramento conforme pesquisa realizada em meu doutoramento[09] e também, ao observar comentários dos professores publicados nas redes sociais que evidenciam ainda os conflitos existentes entre aqueles que compartilham cuidado e educação das crianças.

        Por isso concordo com o autor que escreveu que não vivemos uma Pandemia mas uma Sindemia, ou seja, uma síndrome decorrente não apenas da disseminação de um vírus mas de complicações e consequências derivadas dos modos e estilos de vida que nossa sociedade vivencia tanto por escolhas coletivas como individuais., essas ultimas também influenciadas pelo coletivo. Um exemplo é a poluição, a obesidade, as doenças cardiovasculares, o diabetes, a dependência química, a violência doméstica, decorrentes da interação entre genética e hábitos, construídos com base na cultura de cada família mas também de acordo com o acesso aos alimentos, qualidade e oferta do transporte público, moradias inadequadas, insuficiência de oportunidades de educação e lazer, etc. Soma-se a isso a arquitetura inadequada de escolas públicas ou mesmo privadas com ventilação natural insuficiente, com restrição de áreas verdes e parques externos, ou com um número elevado de crianças por professor e/ou por metros quadrados que dificulta a adoção de medidas preventivas para a continuidade das aulas presenciais,

        Por outro lado, desde o escrito no texto O retorno, defendi que algumas crianças deveriam ser priorizadas no atendimento presencial, considerando riscos e benefícios, sobretudo para as menores de seis anos, e para aquelas maiores que não tem acesso a uma habitação confortável e todo aparato exigido para participação no ensino online. Entretanto desde o inicio da pandemia, com base na minha própria história considero que os  adolescentes com habitação com melhores condições, acesso aos computadores e internet ou mesmo por meio de materiais e orientações enviados pelos professores, mesmo que pelo correio, poderiam permanecer estudando em casa, embora haja risco de sentirem-se isolados em uma fase em que estão reconstruindo sua identidade com alta necessidade de relações além das familiares. Mas como atender essa necessidade e ao mesmo tempo enfatizar com eles a consciência sanitária para que cumpram os protocolos, evitem baladas, reuniões com aglomerações que colocam todos em risco? Um professor de escola privada de excelência em São Paulo afirmou que os alunos dos últimos anos do fundamental e do médio são mais resistentes ao uso de máscaras, aos rituais de higiene de mãos, ao distanciamento dos pares, do que as crianças da educação infantil. Alguns argumentam que o pai é médico e disse que “é exagero”. Sugeri que ele fizesse um debate com esses alunos sobre “a consciência sanitária, ética e cidadania”.

        Por enquanto algumas mães buscaram formas de manter a interação das crianças que iniciaram a pré-escola em março de 2020, logo interrompida, por meio de estratégias como escrever e desenhar para enviar cartinhas pelo correio para os colegas, valorizando a função social da escrita com ajuda dos companheiros mais experientes. Alguns dos colegas fizeram dobraduras e enviaram como “presente” junto com a carta (Maranhão, Maranhão, 2020).

        É preciso também alertar os familiares sobre a necessidade de preparar o ambiente da casa para brincadeiras e atividades diversas, tanto para promover o desenvolvimento motor dos bebês como para evitar acidentes que costumam ser mais graves e fatais nas crianças nos espaços comunitários e domésticos. Foi o que ocorreu com uma criança de dois anos cujo televisor caiu sobre ela, no primeiro mês de fechamento do CEI que frequentava. Também houve o caso do menino que foi trabalhar com a mãe e caiu da cobertura do prédio pela negligência da patroa e outros casos noticiados na mídia, sem falar daquelas que apenas constam nas estatísticas de mortalidade infantil.

        Retomamos a reflexão inicial – como planejar o ano letivo de 2021? Como as mães/pais trabalhadores à distância ou presencial estão conciliando e apoiando o desenvolvimento e aprendizagem de seus filhos desde os bebês até os jovens adolescentes? Como podem as famílias colaborarem entre si e com os professores para confiarem uns nos outros e juntos se protegerem e apoiarem as aprendizagens/desenvolvimento dessa nova geração, de forma segura, dentro das possibilidades do contexto epidemiológico atual?

        Esse debate precisa envolver as famílias, os profissionais de educação, os profissionais de saúde e os adolescentes também, para que todos pensem juntos em como enfrentaremos esse desafio protegendo todos. Está aberto o debate. Convido Dra. Sandra Tibiricá, Professora de Medicina em Pediatria e Saúde Pública da Universidade Federal de Juiz de Fora para continuar essa reflexão.

        *Por Damaris Gomes Maranhão, Enfermeira Especialista em Saúde Pública UNIFESP/USP, Dra em Ciências da Saúde pela UNIFESP, Professora do Instituto Superior de Educação Vera Cruz, Consultora do CEDUC e Formadora no Instituto Avisalá, Mãe do Bruno e da Melissa, avó da Clara.

         

        NOTAS DO TEXTO:

        [1] Em cada município se emprega um nome para o que originalmente é denominado creche, que atende os bebês a partir dos primeiros meses, geralmente dependente do direito da mãe ou não a licença maternidade até os três anos e 11 meses e que depois são transferidos para o que tradicionalmente se conhecia como pré-escola, primeira etapa do Ensino Básico, obrigatória para todas as crianças. Assim, há municípios cuja EMEI compreende a faixa etária da creche, diferente de São Paulo, trazendo confusão entre a população e mesmo entre pesquisadores como por exemplo ocorreu numa tese de doutorado sobre higiene de brinquedos que participei da banca em fevereiro de 2019, na UNESP de São Carlos.

        [2] No início da pandemia no Brasil, considerou-se que as crianças pequenas por serem assintomáticas poderiam ser o principal veículo de transmissão para os idosos e portadores de comorbidades, grupos de risco, mas depois conforme aprofundou-se o conhecimento epidemiológico foi ficando claro que sobretudo no Brasil eram os jovens que se infectavam mais, talvez pelo comportamento e interação social com seus pares, além dos aspectos biológicos. Além disso dependendo da classe social esse idoso às vezes sustenta a família, trabalhando em profissões que não podem ser exercidas online, como por exemplo, as auxiliares de limpeza, as empregadas domésticas, cozinheiras, pedreiros, etc.

        [3] Barros, A. J D et al. Perfil das creches de uma cidade de porte médio do sul do Brasil: operação, cuidados, estrutura física e segurança. Cad. Saúde Pública vol.15 n.3 Rio de Janeiro July/Sept. 1999

        [4] São Paulo. Secretaria do Estado do Menor. Creches e Pré-Escolas: três anos de experiencia. Governo do Estado de São Paulo, 1990.

        [5] https://caminhosdocuidar.avisala.org/

        [6] Maranhão, D. Conhecimentos que protegem vidas. Blog do Instituto Avisalá, 2020. Avisala.org.br

        [7] Barros, A. J. D., 1999. Child care attendance and common morbidity: Evidence of association in the literature and design issues. Revista de Saúde Pública, 33:98-106.

        [8] Maranhão, DG., Vico ESR. Higiene e Precauções Padrão em Creches e Pré-Escolas: um ambiente seguro e saudável. In Santos, LE. Creche e Pré-escola: uma abordagem de saúde, Arte Médicas, 2004. Capítulo atualizado e autorizado para publicação no site do Instituto Avisalá, 2020.

        [09] Maranhão, DG. Sarti C. A. Cuidados compartilhados: negociações entre famílias e profissionais de uma creche. Interface, saúde e educação. Vol11 n22 Botucatu May/Ag, 2007. Scielo.br

        Texto original: https://papodemae.uol.com.br/2020/12/14/retorno-as-escolas-em-2021na-educacao-infantil-o-que-esperar/

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          Eliana C. Sisla e Walkyria Dias

          O comovente filme chinês “Nenhum a menos” (1990), do diretor Zhang Yimou, retrata a vida de uma escola rural na China. O professor deve ausentar-se e o prefeito da cidade não vê alternativa, a não ser contratar uma garota de treze anos, que mal terminara o primário e sabia um pouco mais do que os alunos para os quais deveria ensinar. O professor, antes de partir, preocupado com a evasão dos alunos, é enfático, ao transmitir-lhe a consigna: nenhum aluno a menos no seu retorno. A narrativa dar-se-á em torno da busca tenaz da professorinha por uma criança que parte, para uma cidade próxima, em busca de trabalho e sobrevivência, revelando o cenário de pobreza da China no final do século XX. 

          O nome do filme tornou-se um jargão entre os profissionais da educação, não apenas quando se trata de evasão escolar, mas também quando eles querem lembrar que há diversos jeitos de aprender, diversas inteligências, ou ainda em qualquer situação em que reafirmamos o direito à educação para todas as crianças, qualquer que seja sua realidade social, econômica e contexto de vida. 

          Nenhum a menos foi o mote para que, no projeto de formação Caminhos do Cuidar , as gestoras e suas equipes buscassem, por meio de uma pesquisa digital, informações importantes a respeito das crianças e suas famílias durante a quarentena da Covid-19.   

          Em setembro de 2020, as escolas de Educação Infantil do município de São Paulo encontravam-se sem atividade há seis meses. Como as crianças e as famílias estavam vivendo a situação de confinamento? Quais as necessidades das famílias? Quais eram seus sentimentos em relação ao retorno?  Quantas famílias pretendiam enviar as crianças para a escola na abertura?  

          A equipe do projeto elaborou, de forma participativa, um questionário com essas e outras questões, com o propósito de subsidiar as gestoras das unidades em suas decisões, tanto para o período de isolamento, como na perspectiva da retomada das atividades .  

          Na sistematização da pesquisa realizada pelas unidades, obtivemos um retorno de 35% das unidades, que, por sua vez, obtiveram um retorno de 2508 famílias, o que corresponde à 53% delas. Compartilhamos a seguir alguns resultados significativos e algumas considerações.  

          Quais as maiores dificuldades vivenciadas pelas famílias no presente momento? 

          Para 41% das famílias, a maior dificuldade vivenciada na pandemia foi financeira, seguida pela dificuldade em lidar com os filhos (25%) e as emocionais, sejam próprias ou de algum membro da família (15%). 

          Consideramos os resultados da pesquisa bastante previsíveis, uma vez que as famílias de baixa renda são as mais atingidas em contextos de crise econômica, agravada neste momento pela crise sanitária. A dificuldade em relação aos cuidados com os filhos também é um resultado esperado; e foi ótimo que as famílias tenham-na assinalado. Os cuidados com os bebês e as crianças pequenas exigem muito investimento afetivo e atenção. Os pequenos são muito curiosos e estão aprendendo sobre tudo, inclusive sobre as regras de convivência. As dificuldades financeiras ou emocionais dificultam essa tarefa, sobretudo em casas pequenas e em situação de confinamento. 

          Mudanças de comportamento das crianças na pandemia  

          Dentre todos os resultados, este nos pareceu o mais significativo, uma vez que demonstra sinais de sofrimento, que precisam ser compreendidos pelos adultos. Mais de um quinto das crianças apresentou mudança de comportamento. Dentre as mais citadas, por ordem, estão: “quer ficar o tempo todo na TV”, seguido de “come demais ou de menos”; “faz birra, “é malcriada, não obedece”; “chora à toa ou faz manha” e, ainda, “acorda a noite com pesadelo”.  

          Interessante notar, nesta questão, que, na resposta “outro” (tipos de comportamento), parecem estar as pistas para compreendermos de que maneira as crianças de baixa renda estão vivendo o confinamento. “Criança entediada, triste, sem espaço para brincar, agitada por não poder sair; adultos sem tempo para outras tarefas, falta de rotina, uso do celular ou tablet para que a criança fique mais tranquila”.  

          Ao discutirmos esses resultados com alguns gestores, os primeiros apontamentos foram de que as famílias, antes, delegavam os cuidados das crianças às unidades; e agora estavam deparando-se com os desafios da educação dos filhos e viam-se perdidas. Talvez fosse importante recordarmos que a educação das crianças, por sua natureza complexa e imbricada na experiência emocional dos adultos que cuidam, é – ou deveria ser – sempre um ato compartilhado.  

          É justamente nesse sentido que devemos entender a complementaridade entre família e escola, amplamente citada nos documentos oficiais da Educação Infantil, como a possibilidade de interlocução; ou seja, de reflexão conjunta de pessoas – profissionais e familiares –, comprometidas com o bem-estar e o desenvolvimento das crianças.  

          Cabe também ressaltar que as crianças, sobretudo as menores, estão em sintonia emocional com aqueles que se ocupam delas. A pandemia, evidentemente, suscitou muitos sentimentos, como, por exemplo, o medo de pegar a doença ou da perda de pessoas próximas, quando não o luto pela perda de alguém. 

          Algumas pessoas em torno de nós sentiram-se extremante vulneráveis, ansiosas ou angustiadas. Ainda, devemos considerar que, se a família está em situação de insegurança financeira e/ou fragilidade emocional, conforme discutido anteriormente, as crianças não estão imunes, mas vivem intensamente essa realidade, sem, muitas vezes, compreender o que se passa.  

          Neste sentido, conversar abertamente com elas, procurando mais ouvi-las do que falar, parece-nos essencial. Brincar é outra maneira da criança expressar o que sabe sobre os acontecimentos ao seu entorno e elaborar situações difíceis. Ler ou contar uma história e conversar sobre ela, além de oferecer materiais para a expressividade plástica, também são formas de escutar a criança pequena e ajudá-la a compreender o que ela está vivendo. 

          Sentimentos dos familiares com relação ao retorno 

          Ao perguntarmos às famílias como elas sentiam-se com relação ao retorno da criança à escola/creche, as respostas mais significativas foram nesta ordem: “preocupados, com medo e angustiados”. Em seguida, ao serem questionados se pretendiam levar a criança, caso a unidade abrisse essa possibilidade, 50% dos familiares responderam negativamente a esta questão, e apenas 10% afirmaram que levariam a criança assim que a unidade abrisse as portas.  

          Embora o número de famílias que pretende enviar os filhos à escola logo que ela reabrir seja pequeno, frente ao total, este é um contingente que precisa ser levado em conta pelas equipes, na reabertura das escolas.  Lembrando a premissa que pauta a argumentação deste texto – nenhuma criança a menos –, as especificidades das situações devem ser conhecidas e consideradas no momento da tomada de decisões. Muito provavelmente, são famílias que enfrentam problemas que poderiam ser amenizados se seus filhos estivessem na escola.  

          Novamente, a alternativa “outros”, embora com incidência de apenas 1%, oferece-nos algumas pistas para aprofundarmos a reflexão: as famílias reportaram que as crianças poderiam retornar à escola/creche, caso houvesse um plano para cuidar delas e lidar com os procedimentos sanitários contra a Covid-19. Além disso, os familiares disseram que gostariam de ter conhecimento sobre os protocolos de segurança para poder decidir. Outros mencionaram regras severas com relação ao uso de máscara e distanciamento e, ainda, afirmaram que a criança só retornará se tiver perua escolar ou se alguém puder levá-la. Pudemos constatar que os familiares já compreenderam ser o investimento nos protocolos sanitários a chave para o retorno das crianças às atividades escolares.  

          Cabe aos profissionais da Educação a responsabilidade de conduzir esse processo no chão da escola. Adaptar os protocolos sanitários aos contextos específicos de suas unidades, construir e compartilhar conhecimentos com a equipe e, também, com os familiares. 

          Será necessário investir no treinamento das equipes para que elas incorporem novos hábitos de higiene, que, como agora sabemos, podem barrar sensivelmente a transmissão da Covid-19, além de outras doenças transmissíveis, tão comuns no cotidiano dos espaços coletivos da primeira infância, mas que poderiam ser evitadas, reduzindo o sofrimento das crianças e as internações por agravos.  

          Investir na comunicação com as famílias, informando-as sobre os preparativos da unidade para a retomada, dirimindo dúvidas sobre a Covid-19 e abrindo oportunidades de escuta de seus sentimentos, apreensões e sugestões é um aspecto fundamental no processo de abertura.  

          Podemos observar que a escuta também valorizava os sentimentos e saberes das famílias. Foi um grande aprendizado para as profissionais, que tiveram a oportunidade de ter uma maior compreensão do que viviam as famílias na quarentena, adentrando remotamente suas casas, conhecendo seus pontos de vista, aproximando essas duas instituições, que precisam compartilhar o cuidado e a educação das crianças. 

          Interessante notar que o contato mais próximo com as famílias fez com que as escolas vissem suas inúmeras dificuldades, mas também sua resiliência e sua força. Nos territórios de alta vulnerabilidade, viver já é um risco. A precariedade é cotidiana. Por isso mesmo as famílias que vivem nesses contextos têm recursos que nem sempre conhecemos, e que as permitem resistir.

          Os familiares não são profissionais da Educação. Cuidam das crianças desde que nasceram e continuarão a educá-las depois de deixarem a escola. Para isso, contam com aquilo que sabem, fazendo referências à maneira como eles mesmos foram educados, ressignificando suas concepções e, também, observando e conversando com outras famílias. É dessa maneira que produzem e reproduzem as culturas familiares. 

          Vida, cotidiano, patrimônio, histórias e relações familiares são aspectos fundamentais para todos os tempos, além de serem muito significativos nestes tempos de pandemia, onde os sentimentos estão mais acirrados e a precariedade econômica bate à porta da população de baixa renda. 

          Como podemos seguir nessa linha de empatia, quando retomarmos o cotidiano das atividades nas unidades? Eis mais um desafio que poderá resultar em um salto de qualidade na educação das crianças, para que nenhuma delas seja deixada para trás, qualquer que seja sua condição social; para que haja maior compreensão das forças e fragilidades sociais das famílias; para que os profissionais invistam e apoiem as famílias sem julgamento. Enfim, para que não haja “nenhuma criança a menos”.

          As escolas, e não apenas as da Educação Infantil, são polos importantes de disseminação de conhecimento, uma vez que é possível atingir um grande contingente populacional, por meio de informações de qualidade, decisivas para a saúde pública, sobretudo, mas não somente, neste momento crítico do país. 

          É nesta perspectiva que podemos considerar a situação em que vivemos como uma oportunidade. Oportunidade de amplificar conhecimentos essenciais para a manutenção da saúde, de forma capilarizada. Oportunidade, também, de fortalecer a coesão da equipe, em torno da saúde e do bem-estar das crianças, considerando as especificidades e características de cada família, que valorize seus saberes, reconheça suas forças e apoiem-nas na educação de seus filhos. 


          A busca pelas famílias – “escuta ativa” 

          Durante a aplicação do questionário da pesquisa, as gestoras relataram dificuldade para contatar várias famílias, que tinham simplesmente “desaparecido”. O celular informado não respondia, elas não tinham notícias das crianças. A preocupação deu-se em função de que o silêncio dessas famílias poderia significar maior vulnerabilidade social, fragilidade emocional ou precarização face às questões econômicas.  

          Assim, lançamos a campanha “Nenhuma família a menos”, incentivando as gestoras a mobilizarem suas equipes em busca das crianças.  

          As gestoras relataram que a busca ativa serviu como oportunidade de escuta e acolhimento dos familiares, alcançando alguns daqueles que estavam silenciosos. 

          A Atendente Técnica Educacional (ATE) Magda, da EMEI Aviador Edu Chaves , conta-nos que: eles [familiares] colocam crédito no celular, mas dura apenas uns 15 dias; depois disso, não têm nem internet, nem celular. Muitos também não acessaram o Classroom porque não têm crédito e muitos, mesmo que tivessem, deixariam de acessar para não ficar sem celular [internet].  

          Ela conta-nos, ainda: “Em muitos casos, os familiares haviam informado, na ficha da criança, o número de telefone da vizinha. Quando eu ligava, sabia disso e sabia também que, na maioria das vezes, estavam no trabalho. Pedia, então, para a vizinha o favor de o familiar da criança responder a pesquisa à noite, em sua casa e a maioria concordava. Foram muitos que acessamos dessa forma. Fiquei conhecida no bairro e muitas me adicionaram no Whatsapp. Isso vai estreitando os laços”. 

          Assim como a Magda, tivemos pesquisadoras incansáveis na busca por informações. Profissionais que, com disponibilidade e abertura, acolheram as famílias e suas dificuldades. E é isso que compõe a escuta – a presença e o respeito ao tempo e à perspectiva do outro. “Chamou minha atenção o fato de muitos deles [familiares] demonstrarem que nós, da escola, somos muito importantes; valorizam os profissionais, pedem conselhos, contam suas vidas, contam os dilemas em que vivem seus filhos”, diz Magda.

          [ Modificado: terça, 12 jan 2021, 09:16 ]

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              Enquanto o mundo espera a vacina para o covid-19, é preciso lembrar que este é um tema fundamental de saúde, que deve ser lembrado sempre, para além do momento pandêmico em que estamos vivendo.

              Como dita o primeiro parágrafo do artigo 14, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a vacinação é obrigatória nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias. 

              A vacinação atualizada é condição para a matrícula das crianças nas escolas, pois é fator de proteção individual e também de toda a comunidade escolar. Embora seja condição, ela não é excludente. Mesmo sem a vacina, a matrícula deve acontecer, mas essa precisa ser providenciada e acompanhada. 

              Pais que não vacinam seus filhos podem ser multados e até perder a guarda da criança. Por isso, é importante que a escola, como promotora de saúde, compartilhando os cuidados e a educação das crianças pequenas com as famílias, possa auxiliá-los nessa tarefa. 

              As vacinas protegem as crianças de doenças, que podem deixar sequelas graves e até levá-las à morte. Elas ajudam o nosso corpo na criação de uma “memória imunológica”. São produzidas a partir dos próprios vírus ou da bactéria causadores das doenças. Graças à ciência, aos cientistas e às pesquisas, foi possível transformar vírus e bactérias mortos, enfraquecidos ou apenas alguns de seus fragmentos em um agente poderoso, que entra no nosso corpo e estimula que o sistema imunológico seja ativado, para criar defesas contra essas doenças.  

              A vacina cria uma espécie de escudo. Podemos até ser atingidos pelos vírus, mas o escudo não permite adoeçamos ou não gravemente. 

              Algumas vacinas exigem mais de uma dose; outras, que sejam renovadas com o tempo. O corpo vai perdendo a memória imunológica e precisamos reativá-la por meio de uma nova dose. 

              Todas as vacinas são importantes. E conseguimos até erradicar algumas doenças por causa delas, como a paralisia infantil (poliomielite), o sarampo, a difteria e a rubéola. Porém, se as crianças não as tomarem, essas doenças podem voltar, pois é preciso que a maior parte da população seja vacinada para quetodos sejam imunizados e possamos acabar com a circulação do vírus, protegendo não só os que  foram vacinados, mas também aqueles que não podem tomar vacina por algum motivo de saúde preexistente. 

              No momento atual, para o retorno das atividades escolares, é fundamental que as crianças e os adultos tenham tomado a vacina da gripe, para o diagnóstico diferencial da COVID-19. 

              Como a escola pode apoiar a vacinação?  

              1. Guardando, na documentação individual do acompanhamento de saúde da criança, uma cópia da carteira de vacinação. Famílias de risco ou com comprometimento de saúde mental podem perder datas e mesmo o documento. Ter a cópia pode ser a ajuda necessária para que elas possam se organizar. 
              2. Oferecendo informações atualizadas às famílias sobre a importância das vacinas e prestando esclarecimentos sobre como são produzidas, como funcionam no organismo e as possíveis reações que elas podem provocar. 
              3. Comunicando as campanhas e o calendário de vacinação, conforme a idade das crianças, por meio de cartazes, folders e mensagens de whatsapp. 
              4. Estabelecendo uma parceria com a UBS para o controle da carteira de vacinação e encaminhamento das crianças que precisam ser vacinadas. 
              5. Registrando, em uma planilha de acompanhamento, lembretes automáticos de crianças em época de vacinação.  
              6. Usando sucata, as crianças pequenas podem inventar uma seringa de brinquedo e vacinar bonecos e bichos de pelúcia. Proponha essa brincadeira sobretudo quando as datas de vacinação estiverem próximas. 
              7. Identifique se as crianças têm algum animal de estimação.  Se tiverem, converse com elas sobre a vacinação dos bichos, incentive a família a levá-las junto quando for vaciná-los e a fazerem perguntas ao veterinário ou vacinador para saber mais . Ou ainda traga algum veterinário para ser entrevistado pelas crianças.8º Monte com as crianças um calendário e convide-as a marcar com desenhos datas importantes, como aniversários, o início das estações do ano e os dias em que deverão tomar vacinas.  Elas podem levar esse calendário para casa e estimuladas  a  acompanhar e participar da agenda de vacinação. Para incentivá-las ainda mais a cuidarem de si mesmas, você também pode convidá-las a medir e anotar no calendário o quanto cresceram mês a mês. 

              Para saber mais: 

              Em 2007, houve um teste de um programa de computador que pudesse realizar esse processo automaticamente. A EMEI "Professor Antônio Branco Lefèvre" foi a unidade que se voluntariou para usar o programa e colaborar com seu aperfeiçoamento.   

              Leia a pesquisa: Pesquisa da área de enfermagem: Controle de vacinação de crianças matriculadas em escolas municipais da cidade de São Paulo 

              As vacinas, o saneamento básico, o esgoto tratado e a água potável são nossas melhores ferramentas de saúde pública. 

              20 milhões de crianças em todo o mundo não tomaram as vacinas para doenças letais, como sarampo, difteria e tétano.  Conversa entre Dra. Ana Escobar e Rosana Richman, explicando o poder da vacina para eliminar a circulação de vírus. 

              SBIm - Sociedade Brasileira de Imunizações. Navegue nesse site e tenha informações atualizadas sobre vacinação, acesso à vacina, informações sérias, materiais de apoio.

              Informações para a famílias e materiais disponíveis

              A vacina contra a influenza produzida pelo Instituto Butantan percorre um longo processo de produção antes de chegar aos postos de saúde. Acompanhe a matéria e saiba mais! 

              Não dê ouvidos aos grupos antivacina! 

              A ação de grupos antivacina é um dos fatores que estão impactando negativamente campanhas de imunização em todo o mundo. No Brasil, por exemplo, em 2019, o país não conseguiu bater a meta de vacinar 95% do público-alvo em nenhuma das 15 vacinas do calendário anual. Foi a primeira vez, em 25 anos, que isso aconteceu.  

              Por conta disso, doenças que já estavam praticamente erradicadas por aqui, como o sarampo, estão voltando com força, fazendo um grande número de vítimas fatais. O país alcançou o 5° lugar no ranking mundial de casos da doença em 2019. 

              Leia mais aqui: 

              https://jornal.usp.br/ciencias/videos-antivacina-desinformacao-gera-lucro-e-coloca-saude-publica-emrisco/ e aqui: 

              https://drauziovarella.uol.com.br/saude-publica/por-que-antivacinas-optam-por-nao-imunizar-seusfilhos/ 

              Equipe Avisa Lá – Caminhos do Cuidar  

              [ Modificado: terça, 12 jan 2021, 07:58 ]

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                    por Instituto Avisa Lá - terça, 1 dez 2020, 17:04
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